14°FEIRA DO ESTUDANTE 2011

14°FEIRA DO ESTUDANTE 2011
LUCIA GAMBARINI

segunda-feira, 7 de março de 2011

A alfabetização e o construtivismo


Neste importante espaço aberto para assuntos educacionais, vamos oportunizar para refletir sobre as teorias e métodos de alguns dos grandes pensadores mundiais da educação, buscando com isso socializar o conhecimento e aprofundar nas teorias educacionais. Vamos falar e conhecer um pouco do trabalho de Emilia Ferreiro, psicolinguista argentina, que desvelou os caminhos pelos quais os estudantes aprendem a ler e a escrever, fazendo seguidores em muitos países dos diferentes continentes. O Brasil foi um dos países fortemente influenciado pelos pensamentos e concepções - particularmente a partir da década de 1980, principalmente em decorrência da obra "Psicogênese da Língua Escrita" - que colocaram em questionamento os métodos de alfabetização até então usados.

Emilia Ferreiro passou então a ser considerada uma referência nacional nas discussões de alfabetização, tendo seu nome vinculado ao construtivismo, área de estudo trabalhada pelo suíço Jean Piaget, no que tange ao processo de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança. O trabalho desenvolvido por Emilia Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, conduzem ao entendimento de que o aluno tem um papel ativo no aprendizado, ou seja, eles constroem o próprio conhecimento, por isso a palavra construtivismo. Nessa proposta, o foco é alterado, passando da escola, isto é, da alfabetização, do conteúdo ensinado, para a criança que aprende. Com isso a ótica do processo de alfabetização é invertida.

Também a construção do processo de leitura e escrita passa a ter uma perspectiva individual, embora aberta à interação social, na escola ou fora dela. Sendo assim, o estudante passa por fases com avanços e recuos, até que compreenda o código linguístico e passe a dominá-lo. Entre os aspectos estruturantes do construtivismo encontra-se na necessidade de respeitar o tempo e o desenrolar de cada criança, compreendendo que cada uma tem um desempenho diferente da outra e que o mais vagaroso não significa que seja inferior ou menos inteligente. Outra noção básica do construtivismo na alfabetização reside no fato de que o professor deve entender que o aprendizado não é provocado pela escola, mas pela própria mente da criança, fazendo com que ela chegue à sala de aula trazendo uma bagagem de conhecimentos.

Um dos esteios do processo de alfabetização de Emilia Ferreiro reside na recusa ao uso das cartilhas que, segundo ela, o entendimento da função social da escrita deve ser feita com a utilização de textos atuais, livros, histórias, jornais, revistas, entre outros. No entendimento da educadora, as cartilhas proporcionam um universo artificial e desinteressante ao estudante, enquanto na proposta construtivista de ensino o espaço da sala de aula se transforma totalmente, proporcionando um ambiente alfabetizador, onde o ritmo da aula é determinado pelos estudantes. A compreensão da escrita interiormente significa compreender um código social. Desse modo, a alfabetização passa a ser uma forma de se apropriar das funções sociais da escrita. Para os construtivistas, não se aprende aos pedaços, mas por mergulhos em conjuntos, sendo dessa forma na alfabetização muito mais produtivo utilizar textos cotidianos do que seguir uma cartilha.

Por Elias Januário - Texto extraído de Gazeta de Cuiabá

Grupo 6

Um comentário:

  1. São raras as escolas que possuem o ensino construtivista, muitos tem medo de enfretar este ensino ou enfrentalo para uma nova mudança

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